O número de pacientes com zumbido vem crescendo a cada dia – dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o problema afeta 280 milhões de pessoas, de várias idades, em todo o mundo. A divulgação de informações, assim como dicas sobre o assunto é de grande importância e tem como principal objetivo, além do esclarecimento correto sobre os sintomas – lembrar as pessoas dos cuidado com a audição – levando, inclusive ao diagnóstico e tratamento precoce.
Conversamos com o Médico Otorrinolaringologista do Instituto Otovida, Dr Evandro Maccarini Manoel. que nos respondeu as dúvidas mais frequentes sobre o ZUMBIDO:
O QUE É ZUMBIDO?
O zumbido pode ser definido como uma percepção sonora na ausência de estímulo acústico externo. Em outras palavras é um som que é percebido, na maioria das vezes, apenas pela própria pessoa e que parece vir de uma das orelhas, de ambas as orelhas, ou simplesmente de “dentro da cabeça”. O zumbido pode ser de vários tipos. Geralmente se parece com um som contínuo, semelhante a um apito, um grilo, uma cigarra, a um chiaço, um motor, dentre outras definições. Porém, menos comumente, pode se parecer com algo pulsátil, como o bater do coração ou o bater de asas de um inseto, por exemplo. Além disso, uma mesma pessoa pode ter zumbidos diferentes, que podem ser percebidos no mesmo local ou em locais diferentes.
ZUMBIDO É UMA DOENÇA?
Não. O zumbido é um sintoma que é comum a várias doenças ou alterações, e por isso sempre merece uma investigação de sua causa pelo seu médico.
O QUE PROVOCA ZUMBIDO?
O zumbido pode ter várias causas. Acredita-se que a grande maioria dos casos de zumbido contínuos estejam relacionados à perda auditiva (mesmo que muito leve) ou a uma hipersensibilidade auditiva. Aliás, muitas vezes o zumbido é o primeiro sinal que o paciente percebe de uma perda auditiva inicial, antes mesmo de perceber a sensação de não estar ouvindo bem. No entanto, o zumbido pode ter outras causas como alterações metabólicas, psicológicas, neurológicas e musculares, como nos distúrbios de articulação temporo-mandibular. Causas mais graves, como por exemplo tumores, felizmente são raras, mas podem eventualmente ter como primeiro sintoma o zumbido. Zumbidos considerados “pulsáteis” geralmente tem como causas alterações vasculares (de veias ou artérias) ou musculares. E para deixar a situação um pouco mais difícil para o médico, não raramente o paciente com zumbido pode ter mais de uma causa para o seu sintoma.
SE UMA PESSOA DESCONFIA QUE SOFRE DE ZUMBIDO, O QUE ELA DEVE FAZER?
Justamente por tantas possibilidades de causas para um zumbido, é fundamental que o paciente com esse sintoma procure um médico especialista, no caso um otorrinolaringologista, de preferência com experiência na área de otoneurologia, para fazer uma investigação diagnóstica e, se necessário, o tratamento adequado.
ZUMBIDO TEM CURA?
Depende. Alguns tipos de zumbido têm cura. Alguns, inclusive, melhoram às vezes sem que o médico precise fazer alguma coisa. Por outro lado, infelizmente muitos tipos de zumbido a cura – ou seja, a resolução completa do zumbido – ainda não é conhecida pelos médicos. Mas isso não significa de forma alguma que “não há nada o que ser feito” ou que o paciente terá que simplesmente “se acostumar com isso para o resto de sua vida” que são frases ainda muito ouvidas em consultórios médicos. Todos os zumbidos, mesmo esses em que a cura completa não é conhecida, podem ter algum tipo de tratamento, que nesses casos teria como objetivo ao menos amenizar e/ou diminuir a percepção do paciente do zumbido.
EXISTE ALGUM EXAME QUE PODE DETECTAR O ZUMBIDO?
O zumbido na maioria das vezes é algo extremamente subjetivo e que é percebido apenas pelo próprio paciente. Então até hoje não é conhecido nenhuma maneira de “medir” o zumbido de forma objetiva. No entanto, o zumbido pode ser avaliado com a cooperação do paciente com um exame chamado acufenometria. Nesse exame é possível saber o lado do zumbido, “medir” a intensidade e a frequência sonora em que ocorre o zumbido, bem como verificar o limiar de desconforto do paciente para sons, verificar a intensidade de som necessária para mascarar o zumbido (ou seja, fazer com que não seja perceptível ao paciente) e também verificar a presença de inibição residual, ou seja, ver se o zumbido muda de característica após a colocação de um outro tipo de som no ouvido. Essas características avaliadas podem auxiliar seu médico e fonoaudióloga em alguns métodos de tratamento além de que ajudam o paciente a entender o seu próprio problema.
EM QUE FAIXA ETÁRIA O ZUMBIDO OCORRE COM MAIS FREQUÊNCIA?
O zumbido ocorre mais frequentemente nos idosos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária, incluindo crianças.
O QUE PODE AGRAVAR O ZUMBIDO?
O zumbido do tipo contínuo, que é o mais comum, pode ser agravado por diversos fatores. Dentre os mais comuns podemos citar os fatores metabólicos como por exemplo alterações da glicose no sangue e alterações hormonais. Alguns alimentos com açúcar e/ou cafeína e períodos de jejum prolongado são outros exemplos. Alterações musculares como contraturas na região da musculatura cervical ou problemas na articulação temporo-mandibular podem tanto gerar como agravar um zumbido. Um outro fator extremamente comum de piora é o estresse, ansiedade excessiva e insônia.
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Na próxima semana daremos continuidade, qui no nosso BLOG, sobre as principais dúvidas sobre o ZUMBIDO – #PARTE2 na entrevista realizada com a médica Otorrinolaringologista do Instituto Otovida, Dra Cristiane Popoaski.